Clique e inscreva-se na newsletter

Blog – Palavra de especialista
Corpo

Autoestima em tempos de redes sociais e pandemia

A busca por um padrão inalcançável pode ter consequências sérias para a saúde mental e física. Entenda como obter o melhor dos procedimentos estéticos e os cuidados na hora de escolher o profissional que irá realizá-los.
Autoestima em tempos de redes sociais e pandemia

Com os avanços da medicina, hoje é possível atenuar impactos do envelhecimento e ressaltar aspectos da beleza individual. Só que a pandemia agravou uma questão que há anos perturba a saúde mental, em especial das mulheres: a busca por um padrão de beleza irreal. 

Um estudo publicado recentemente no periódico International Journal of Women’s Dermatology mostra o tamanho do problema. O trabalho ouviu 100 dermatologistas norte-americanos, e mais de 80% deles afirmaram que seus pacientes se tornaram mais infelizes com a própria aparência durante a pandemia. 

Isso é totalmente natural, e existem dezenas de procedimentos minimamente invasivos que atenuam imperfeições, minimizam a flacidez e ajustam proporções. A medicina evoluiu para isso também, e devemos desfrutar desses avanços. Ora, ficar mais bonito é um desejo tão antigo quanto a existência humana. 

E, de fato, apostar em intervenções bem planejadas pode melhorar proporções, retardar o envelhecimento e promover o envelhecimento com graciosidade. Mas há limites. Para evitar erros, é preciso escolher médicos humanizados, que tenham noções plenas de autonomia, anos de experiência, estudem e entendam o tema beleza em sua complexidade, e tenham capacidade de diagnosticar distúrbios mentais que afetam a imagem corporal. 

O profissional deve saber orientar a pessoa e valorizar sua beleza natural, não oferecer um “pacote” pronto de soluções. 

É o que vemos com a harmonização facial, uma padronização que realça os mesmos pontos em pacientes com indicações diferentes, ossos diferentes, estruturas faciais diferentes. Se você já viu um rosto com maçãs saltadas, sobrancelhas repuxadas e lábios excessivamente preenchidos, sabe do que estamos falando. 

Segundo dados do Google apurados pelo UOL, a busca por harmonização facial no Google cresceu mais de 500% durante a pandemia. E o Brasil já era vice-campeão mundial de procedimentos estéticos, o que nos leva a algumas reflexões.

Procedimentos estéticos não são um passe de mágica 

Ver um “antes e depois” bem sucedido pode passar a impressão de que interTodo procedimento envolve riscos. Preenchimentos e aplicação de ácido hialurônico podem trazer riscos de cegueira, quando são feitos na região dos olhos, necroses e até acidentes vasculares cerebrais (AVCs). 

Realizar a intervenção que desejar com um médico especialista reduz esse risco, mas ainda assim ele existe. E o bom profissional vai explicar tudo isso para o paciente para que eles possam, juntos, ponderar os riscos e benefícios inerentes ao método. 

Outro ponto fundamental dessa conversa é alinhar expectativas, inclusive contraindicando procedimentos que não trarão benefícios àquela pessoa. Não envelhecer, não ter rugas, mudar completamente um rosto são metas inalcançáveis. As intervenções melhoram sua autoestima, mas não constroem uma. 

A beleza da individualidade 

Ora, estamos passando mais tempo do que nunca nas redes sociais, e a comparação com os rostos dos famosos e o efeito dos filtros pode abalar a autoestima, e levar a procedimentos desnecessários, que não apenas não surtirão o efeito desejado como ainda podem levar ao arrependimento.

A definição de beleza é extremamente subjetiva. Durante muito tempo, se propagava a simetria e as proporções perfeitas como símbolo de beleza. Mas hoje sabemos que ela é formada principalmente por características individuais, nem todas 100% positivas, mas combinam entre si, trazendo personalidade ao rosto. 

O risco do exagero é criar rostos iguais, retirando a individualidade do paciente, o que abre caminho para problemas sérios, como o transtorno dismórfico corporal. 

Sinais de alerta para a dismorfia corporal 

Além de estar ligada a quadros como ansiedade e depressão, a baixa autoestima e o excesso de intervenções podem levar à dismorfia corporal. O transtorno é conhecido desde os anos 1980 e, segundo estimativas, atinge cerca de 2% da população — ou cerca de 4 milhões de adultos só no Brasil! 

Pessoas com dismorfia vivem extremamente preocupadas com a própria aparência ou até mesmo defeitos imaginários, a ponto de isso afetar sua qualidade de vida. É o caso, por exemplo, de alguém que, ao sair na rua, acha que todos estão olhando para ele por causa de sua aparência. 

Essa situação gera sofrimento e exige tratamento com psiquiatra e psicólogo. A remoção de características individuais do rosto pode intensificar ou provocar o problema. Por isso, na busca por procedimentos estéticos, escolha profissionais que saberão ressaltar a sua beleza de verdade, aquela que começa lá dentro. 


Comentários:

Ao enviar esse comentário você concorda com nossa Política de Privacidade.